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As primas ibéricas hoje vão à bola. Ou será que vão à bola umas com as outras? Também já me sugeriram que as primas (ibéricas) deixam os primos ir à bola e vão a outras bolas… Pensei logo: à bola ou à bola com, que diferença faz? Primas à bola, ponto final.


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Escapa-me por completo o gozo intrínseco das pessoas que na praia colam a toalha à nossa ou das que, na fila dos supermercados, só falta descansarem o cotovelo em cima dos nossos ombros. Talvez por isso nunca me ocorresse casar entre os noivos de Santo António, se fosse hetero, nem fazer declarações num arraial, por mais orgulhosa que fosse.

Essa, no entanto, é uma iniciativa lançada pela Ilga Portugal, que amanhã se presta a pôr a concurso o pedido de casamento mais original do Arrail Pride, com direito a prémio e tudo. Não esperaria melhor da Caras, mas tenho pena que seja a Ilga a promover uma exibição populista dos afectos entre pessoas do mesmo sexo, assim como tenho pena que a associação tenha igualmente estado por trás do casamento da Teresa e da Helena para toda a comunicação social.

Haverá sempre pessoas que, com a mesma simplicidade das duas, não se importem de transformar um momento importante das suas vidas numa foto-legenda de pé de página, para alimentar uma imprensa que jamais esgota a sua sede de muito pequenos faits divers.

Nada disso teria importância se, ao lado dos eventos de feira se investisse em informação com mais lastro. Mas parece que quem manda nos média há muito decidiu que o povo só gosta de trivialidades, demitindo-o assim do livre arbítrio e praticando sem pruridos o que qualquer aspirante a tiranete deliraria pôr em prática tão impunemente.


Diz o povo que o hamor tem que ser regado todos os dias, se há-de crescer, tornar-se forte e viçoso.

Isto é tudo muito bonito mas, provavelmente quem inventou esta máxima esqueceu-se de que há plantas que precisam de pouca ou nenhuma água, sob risco de apodrecerem a raíz e morrerem sem apelo nem agravo, à frente dos nossos olhos.

Minhas amigas, é aqui que entra a perspicácia em acção. Quererá o hamor que temos ali à mão, muita água, mais ou menos rega ou uma seca tremenda? E no caso de querer água, quer assim à mangueirada, sistema gota a gota ou só a da chuva? Ah! Ah! Isto é muito mais complicado do que parece.

Penso eu que esta coisa dos hamores só serve para enervar um santo. Pois estamos nós ali de regador na mão, desesperadas, sem saber o que fazer, ansiosas por regar mas já um bocadinho fartas daquela exigência diária. Hummmm… Contraditório, sem dúvida, ou não se tratasse da causa hamorosa.

Esta é apenas mais uma das palermices do hamor. Nunca se sabe o que se deve fazer com ele. O que dá para um não dá para outro. O que num é realmente necessário no outro é absolutamente dispensável… Afffff… Vá lá perceber-se estas coisas.

No caso das mulheres, devo confessar que este entendimento roça o absurdo. Aliás, é impossível  chegar a uma conclusão. Creio que nem as próprias sabem bem o que querem e pior que isso, quase nunca sabem o que não querem. Agora imaginem a confusão que isto dá.

Assim sendo, cabe a cada uma decidir a melhor opção para manter a terra fresca e a folha verde. Mas cuidado. Como diz um provérbio que aprendi há poucos dias mas que muito aprecio, o que é demais é como o que não chega.

E sobretudo é importante não esquecer que independentemente do tratamento que se dê à planta, mais diz menos dia ela acabará por morrer.

Para boa entendedora…


Hoje há marcha em Lisboa. Ao fim de onze anos perguntaram-me de novo para quê. A resposta não é difícil, quando ao fim de onze anos ainda não se percebeu a razão de mostrar em público que não se tem vergonha nem necessidade de se esconder o que é. Porque hoje, ao fim de onze anos, alguém que devia sentir orgulho e à-vontade para marchar por Lisboa ainda se sente incapaz de o fazer.

A marcha continua porque ainda está praticamente tudo por fazer. Ainda não acabou a vergonha que impede pessoas fantásticas de marchar. E porque ainda não acabou a vergonha dos outros em ver-nos marchar.

E marchamos porque a igualdade a paridade ainda estão longe de surgir naturalmente para toda a gente. Por isso, as conquistas recentes nunca o serão se as pessoas com direitos não se sentem, mesmo assim, capazes de reivindicar essas conquistas para si próprias.

Ou enquanto houver muita gente a pensar que essas conquistas são obra de um qualquer lobby e não resultado de direitos humanos que não podem ser alienados.

Se julgam que não é preciso marcha, vão lá fazer o percurso sem bandeiras, sem t-shirts com mensagem, sem gritar slogans. E vejam lá se o facto de participar numa marcha lgbt não vos suscita sensações e vos impede de olhar de vez em quando para um lado e para o outro à cata de reacções dos transeuntes…


Um dos muitos inconvenientes do hamor e também uma das razões pelas quais não se recomenda, é que o dito cujo tem uma memória de elefante.

Pelo mais pequeno e (in)significante pormenor, consegue acabar com a paz de espiríto que se julgava completamente recuperada.

E, como não poderia deixar de ser, este fenómeno químico, funciona nos dois sentidos. Na presença e na ausência.

Nunca ousem pensar que aquela célebre frase “só te lembras do que te convém”, se aplica à causa hamorosa. Está bem está!! Aqui funciona o inverso, só nos lembramos exactamente do que não queremos.

Na presença, a nossa mente lembra constantemente as falhas, desapontamentos, decepções, enganos, injustiças, traições, diferenças irreconciliáveis de ser.

Na ausência, tudo nos traz à memória, o cheiro, a forma de rir, o toque da pele, o prato preferido, as férias na praia e por aí vai até aos pormenores como sejam as semelhanças irreconciliáveis para poder ser.

É de particular relevância observar que estas recordações surgem das coisas mais inéditas e aparentemente inocentes como sejam uma pedra da calçada, uma embalagem de rissóis congelados, um pingo de chuva, um sol estarracedor na cabeça, um prateleira de supermercado, uma bomba de gasolina, um frasco de shampôo, uma folha de alface  e mais um monte de disparates.

E enquanto não inventam umas ampolas e pílulas que nos livrem de alguns neurónios mais inconvenientes, aconselho a evitar o alho, peixes, frutas vermelhas e outros alimentos que fortifiquem a memória e sobretudo a esquecer essa patetice do hamor.

PS. Sugiro vivamente a prática de actividades radicais uma vez que está cientificamente provado e pessoalmente comprovado  que a adrenalina favorece a libertação de endorfina, substância associada ao esquecimento.


Ilustração com direitos de autor

De repente, primas e primos viraram uma quase espécie de vedetas, com classificação algures entre as estrelas pimbas das versões lusitanas das h-olás e os crimes das páginas arrancadas às polícias, bombeiros e hospitais logo pela manhã.

Senão, vejam aqui, a fantástica reportagem que dá conta de dois casamentos entre mulheres e um entre homens. De repente, até os notários informam a comunicação social. De repente, uma vitória de direitos vira invasão de privacidade. Os repórteres até colhem a opinião da Ilga e da Opus Gay a propósito.



Nada mais patético e completamente improfícuo do que tentar recomeçar o hamor. Primeiro pela própria essência da materialização do acto que não condiz com a causa hamorosa, depois pelo valor semântico da mesma. Da palavra recomeçar, leia-se.

Recomeçar uma coisa implica em primeiro lugar tê-la começado.

Aqui surge a primeira questão. Era hamor o que se começou?

Depois desta dúvida existencial, vem ainda outra pergunta mais pertinente: mas não dizem que quando é hamor nunca acaba?

Sabendo nós como o hamor é  absurdo e engenhoso, não será difícil acreditar que consiga criar nas pessoas esta demência própria de quem hipotecou os neurónios a troco sabe-se lá do quê.

Supondo que esse tal de hamor ou algo vagamente parecido tenha mesmo existido, mais grave ainda é pensar que se pode recomeçar uma coisa que já se desgastou, destruíu e consumiu ao redor de vários desenganos, egoísmos e evidentes cansaços.

Se as coisas não deram certo uma vez, não vão dar nunca. É óbvio que ambas as partes sabem disso mas por vezes, por circunstências várias e muita pouca vergonha na cara, vá lá de tentar mais uma vez.

Para se provar as boas intenções, as duas primeiras semanas correm lindamente. A partir daí é que a porca, ou melhor, o hamor, torce o rabo. Em pouco tempo tudo se repete só que desta vez mais aprimorado e estridente. Afinal de contas vamos ficando mais velhos e mais cheios de razões e certezas a nosso respeito e dúvidas e desconfianças quanto ao alheio.

E poderia eu pensar em milhares de razões para que tal aconteça mas nunca diria melhor que a canção. “A gente não muda, só troca de hamor”.

Assim sendo…..


Tal como no crédito em geral, em tudo na vida andamos sempre à procura dos juros mais baixos a pagar. O mesmo se passa com o hamor. Pé ante pé, experiência após experiência, lá andamos nós a ver onde se pode ter o mesmo, com melhores condições, investindo menos e pagando pouco. E, na situação ideal, escolhemos sempre o prazo mais alargado possível. Entretanto, muita coisa pode acontecer.

É claro que numa perspectividade de rentabilidade, aquilo que se poupa no hamor, deve ser investido em outro lado. É aqui se começam os problemas.

Estamos nós com o nosso pedacinho de hamor extra a pensar onde é que o podemos depositar para ele render mais e nem vemos que a nossa conta à ordem começa a rondar perigosamente o vermelho.

O hamor começa a dar sinais de crise, já não chega ao fim do mês, não se dá melhor dá-se pior, a crise serve de desculpa para tudo.

Entretanto, começam-se a colher os juros do investimento extra. SMS’S, telefonemas, encontros, em alguns casos promessas. E dores de cabeça.

Em casa, escutam-se reclamações sobre a subida do spread e já nem se percebe muito bem do que se está a falar. Será da casa? Será da ausência? Será da crise? E de que crise?

Perante tantas incertezas, começamos a equacionar que o melhor mesmo é manter tudo debaixo do colchão, como se fazia nos tempos dos nossos avós.

É ter ali o hamor à mão de semear mas em local de difícil acesso e devidamente resguardado. Damos e usamos quando queremos, ninguém tem nada a ver se temos muito ou pouco, não damos conta da nossa vida a ninguém.


É o que tiver de ser, que tem muita força, como diria não sei quem que já não me lembro. É Junho e é o mês lgbt por excelência, o mês das primas e dos primos, o mês da cor e das marchas, dos arraiais e das festas.

Vamos aproveitar e vamos participar em tudo, vestir t-shirts evocativas, sorrir para toda a gente e exigir que se consagre rapidamente a adopção como um direito também dos lgbt. Discriminação não!

Desenhos Tangas

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