Acabar relações tem muito que se lhe diga. Acaba-se o quê? O hamor? O estar junto? A divisão da coisa comum? Os projectos? As prestações em conjunto? As compras do mês? A educação dos filhos?
A terminologia acabar encerra em si mesma uma tendenciosa indução de que algo começou. Pode nem ser bem assim mas eu até dou de barato que alguma coisa, vá-se lá saber o quê, tenha começado, crescido, florescido, enfim, dado um ar da sua graça.
Se o bom senso fosse para aqui chamado, dir-se-ía que a relação acaba quando o hamor acaba. Mas como nestas coisas do hamor, a inteligência e a razoabilidade não existem, diria eu, em versão mais cool, que tudo termina quando acaba o tesão, o desejo, a paixão, o enlouquecimento geral dos seres frente ao objecto de todos os enlevos.
Diria mas não digo. O descrito acima seria fácil demais. Não queriam vocês mais nada que “olha, agora já não gosto de ti, cada um vai à sua vida e adeus até qualquer dia”. Isso é que era bom. Era. Mas não é. Pelo menos, nem sempre.
Às vezes as relações acabam porque, como se já não bastassem dois feitios, duas formas de ver a vida, duas maneiras diferentes de ser, há ainda uma multiplicidade de factores e variáveis que tornam o permanecer junto completamente impossível.
Ambas as partes gostam o suficiente uma da outra para saberem que o caminho era por ali mas, ou muitos mas depois, verificam que simplesmente não dá.
Apesar do que possa parecer, é preciso maturidade e alguma idade, para percebermos que a história do hamor e da cabana é uma falácia muito maior que a história do capuchinho vermelho. O hamor, seja lá isso o que for, tenha o tamanho que tiver e a força de Sansão que lhe atribuem, será sempre o elo mais frágil no que toca a manter os casais unidos.
E creiam, é preciso muito mais coragem, força, estoicismo para acabar um hamor do que para correr atrás dele.
Porque às vezes é preciso deixá-lo ir. Outras vezes é obrigatório. Outras ainda porque achamos que é o melhor.
Não porque sim, nem porque não, mas porque tem que ser. Ou porque nim, como preferirem.
15 comentários
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Abril 15, 2011 às 11:45 pm
tamborimdacuica
Não digo a tudo isso que sim nem a tudo que não: quem zou eu? Mas há aí um fundo que me parece uma grande….tanga!
Vozes experientes e sábias podem de facto dizer: ai, sabem, mas o hamor não chega. Nem o hamor e a cabana, e a badana, e o frisson, etc etc… Concordo. Mas então se o hamor não chega, e nisso assentimos, o que é necessário p além dele, ou com ele? Sempre gostei de listas:
1- Hamor. Indiscutível e condição sine qua non. (A latinidade dá a tudo um foro definitivo e sério.) Hamor n é frisson, embora geralmente o inclua com bonomia. Hamor é aquele desmanchar do coração e, ao mesmo tempo, aquela força bruta de bem querer e de bem fruir o outro e nós com o outro.
2- Vontade de viver um Hamor. N é assim tão de La Palisse. Ter vontade de viver implica ter vontade p viver tb o seu crescimento, a sua evolução. Embora eu pense que o essencial no hamor n evolua nem mude. Aquela essência, aquele apego, aquele pulsar, aquela magnitude nuclear mantém-se se há hamor.
3- Vontade de viver um Hamor da mesma maneira, ou num conjunto de condições minimamente objectivas que organizem o par e satisfaçam ambas as duas juntas (ihihih) partes.
4- Gostar, e sentir-se “em casa” e, ao mesmo tempo, numa aventura boa, nesse Hamor, e no seu dia a dia.
Se estas condições existirem, que mais falta? Diga-me, diga-me menina Pagu, por quem é? (Portooooo), que percebe destas coisas e lousas e louças…
Ai….o hamô!…
Abril 16, 2011 às 8:33 pm
pagunatanga
Mas ó menina Tamborim, por acaso agora também escreve posts aqui no tangas, é?
E fique a saber que li tudo o que escreveu de sobrolho carregado. Ora….. que desfaçatez.Ora….
😦
,
Abril 16, 2011 às 10:35 pm
tangas
parece post, sim ehehehe
temos concorrência no pedaço, menina pagu 😉
Abril 16, 2011 às 11:53 pm
tamborimdacuica
tb a menina Tangas, menina Tangas? znif. Tamborim apodada.
Abril 16, 2011 às 11:52 pm
tamborimdacuica
E pronto! N pode uma leitora atenta E (atenção ao E) sensível pretender escalpelizar a escrita da dilecta autora, e vai logo sendo apodada de postadeira imitadeira:((( Ora, mas pq o sobrolho carregado? E onde está a resposta à minha pergunta final? Ai ai ai ai ai q vou deixar de pagar as cotas deste pedaço blogosférico…
Abril 17, 2011 às 11:26 am
tangas
cotas não digo, mas aceitam-se subvenções. quer que lhe mande um NIB?
já tentei o mesmo com o senhor josé, mas ele disse-me que primeiro estava ele…
Abril 17, 2011 às 4:10 pm
pagunatanga
Pois então sou pelo PORTOOOOOO!!
E logo hoje, dia de clássico, quem é que quer saber destas questões hamorosas, por assim dizer…..ora
Carrega PORTTTOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
Abril 17, 2011 às 11:14 pm
tangas
aquela coisa? 😛
Abril 16, 2011 às 11:20 am
tangas
menina pagu, deixe-me dizer-lhe uma coisinha singela: a menina é mesmo atenta e sensível ao que se passa entre as pessoas.
não podia ter descoberto uma parceira de posts mais adequada 🙂
Abril 16, 2011 às 8:36 pm
pagunatanga
Menina Tangas, agradeço os seus mimos mas que fique aqui esclarecida uma coisa. Atenta sim, sensível não. Sabe como fico horrorizada com essas lamechices…..ora
Esrá bem assim “parceira”?…..rsrs
🙂
Abril 16, 2011 às 10:35 pm
tangas
shhhh… eu não digo a mais ninguém que é sensível e pinga-amor 😉
Abril 17, 2011 às 4:12 pm
pagunatanga
Já não bastava a afronta da “sensível”, agora ainda tenho que ser insultada e achincalhada com essa do pinga-hamor…..haja paciência.
Sabe o que lhe digo, o meu hamor é todo azul e hoje vai dar uma coça no seu Zporting.
Vá buscá-la.
😉
Abril 17, 2011 às 11:15 pm
tangas
zpórtingueeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!
Abril 18, 2011 às 9:14 am
pagunatanga
CAMPEÕES! CAMPEÕES! NÓS SOMOS CAMPEÕES!!
PORTOOOOOOOOOOOOOOOO
Abril 18, 2011 às 7:02 pm
tangas
you wished… 😛
deve ser triste, alguém a viver na mourisca terra ter essa conversão cega ao dragáun… 😉