Diariamente, enquanto Gays, somos afrontados, insultados e humilhados pelas mais diversas pessoas e nas mais diversas formas.

A intolerância vai grassando por este mundo. Torna-se então necessário que nos organizemos e nos expressemos de forma colectiva para reivindicar direitos que nos são negados e que não deveriam sequer suscitar discussão.

Ontem estive na Marcha LGBT Lisboa, quis juntar a minha presença e a minha voz ao clamor para que nos sejam reconhecidos direitos iguais e para que a nossa sexualidade não seja uma barreira para que isso aconteça.

Confesso que ponderei bastante sobre a minha participação nesta marcha, não porque não ache que ela não se deva realizar ou porque não tenhamos mesmo que chamar a atenção do mundo para os recordar que também somos cidadãos, que temos deveres iguais e por conseguinte queremos direitos iguais. Não, a minha relutância vai quanto ao conteúdo e à forma de expressar o protesto.

É que, da mesma forma que não gosto que me chamem “fufa” em tom depreciativo, também não posso ir gritar pelas ruas de Lisboa “mulher verdadeira, é fressureira” ou “homem verdadeiro, leva no pandeiro”. Este tipo de afirmações desrespeita também os demais e não nos coloca numa posição reivindicativa séria.

Este é o tipo de afirmação que não nos leva a lugar algum. Temos que nos fazer ouvir, reivindicar, lutar, mas temos que ser sérios e coerentes nessa tarefa. Acima de tudo, não podemos ser injustos, rotuladores e julgadores se é precisamente contra isso que lutamos. Persistir neste tom reivindicativo é mantermo-nos no ghetto, isolados dos demais; porque às tantas há a tendência até para nos julgarmos melhores que os outros, o que também não é verdade.

Não sou apologista do “olho por olho, dente por dente”. Não me considero mais mulher por amar outra mulher. Sou uma mulher igual a qualquer outra.

Da mesma forma que quero que me respeitem pelas minhas opções, também devo respeitar as dos outros.

Prefiro de longe outros slogans que foram utilizados, como: Sim! Sim! Sim! Nós somos assim!