Antes de o Dia dos Namorados se tornar nesta feira económica, só comparável ao Natal, as coisas faziam-se de maneira muito diferente. Julgam que é engraçado fazer de um dia especial um circo? Então não sabem nada de nada.
Aqui há umas dezenas de anos aproveitava-se o dia de S. Valentim para mandar postais anónimos às pessoas de quem gostávamos. Era o que fazíamos com as pessoas com quem namorávamos, sim. Mas também com aquelas pelas quais tínhamos um fraquinho e nenhuma coragem ou intenção de o confessar. Às pessoas de quem gostávamos e que receávamos não virem a receber postais de ninguém.
No dia seguinte, entre amigas e amigos, contávamos os postais recebidos e aproveitávamos para partilhar uns momentos deliciosos, de conjecturas românticas e brejeiras sem outras consequẽncias senão as de alimentar os nossos egos e fazermos de uma saudável coscuvilhice o centro do nosso universo por um bom punhado de minutos. E isso tinha um sabor requintado.
Agora, com as montras atulhadas de balões, bombons, postais, copos, canecas e outros objectos muito kitsch, o que resta da quase secreta conspiração de amores desejáveis, imaginários e tolos, como o é a alegria de poder fazer disparates sem consequências?
2 comentários
Comments feed for this article
Fevereiro 16, 2011 às 3:38 pm
pagunatanga
E este pessoal a pensar que inventou a roda, hein?
Não conhecia esse ritual de mandar postais aos legitimos, aos possíveis e aos esquecidos.
Achei engraçado, despudoradamente inconsequente, terno, sincero, como este dia deveria ser.
Mas eu nem gosto do dia disto e do dia daquilo e do dia daqueloutro…..o dia tem 24 horas. Podemos fazê-lo todos os dias dias de tudo.
E esta, hein?
Valeu Tangas, está em forma!
Fevereiro 16, 2011 às 4:36 pm
tangas
gostou? vá ver então as lesboestrelas deste mês 😉