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— Então? Já acabou o carnaval de vez?
— Vim tomar café consigo. Não fale antes da primeira chávena, por favor…
Ressetia? Do carnaval, da companhia com que se pirou depois do jantar ou teve algum baque surdo?
— Onde é que está o café nesta casa?
— Segunda porta, à esquerda. A cafeteira à frente dos seus olhos e as canecas ao lado.
— Já lhe levo o seu. Pode voltar para os seus afazeres.
— Que querida. Nem parece que está pronta para acabar com o mundo.
— Esta cafeteira demora um século a ferver a água.
— É uma Krupps caríssima e escolhi-a por levar menos de um minuto a chegar à ebulição. Mesmo assim, a menina bate-a por mais de meio tempo.
— Tem alguma coisa doce?
— Arrufadas de ontem? Estão na caixa do pão.
— Serve.
— Devia meter uma inteira na boca, uma vez que o seu corpo vai levar pelo menos vinte minutos a perceber que já chutou açúcar para a veia, e depois empurra com o café. Sempre é melhor do que rosnar comigo.
— Não estou a rosnar. Pelo menos consigo.
— Então com quem? Pensei que estava no bem bom com a figurinha com que se pisgou depois do jantar, já há mais de uma semana.
— Isso já acabou. Pus um ponto final na história.
— Então qual é o problema?
— É estar aborrecida porque acabou.
— Ai… Lá vem a síndrome do camião das mudanças.