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Para quem acredita nestas coisas, haverá diversos tipos de hamor.

Hoje introduzo aqui um novo género do hamor que é provavelmente o de mais longa duração e quem sabe o único que vale a pena. Nem mais nem menos que o hamor se.

Já sei que vão dizer que sou maluca, tarada, que não percebo nada disto, que a Tangas me devia expulsar deste blogue e blá, blá, blá, mas na verdade é isso o que penso.

O hamor se nunca nos dá desgostos, trabalhos, não mente, não trai, não se vai embora, não engana, não faz cenas, não desconfia, não acusa, não reclama, enfim, não nos suga a paciência.

O hamor se é aquele sentimento que vive connosco, é o companheiro intimo de todas as horas, é aquele que vai ao nosso lado para todo o lado, que come à nossa mesa, vai connosco ao ginásio, que é só nosso porque simplesmente não pode ser de mais ninguém, pelo menos não daquela forma, daquele sentir, daquele doce sentir.

O hamor se é uma coisa para lá dos limites do que se pode acolher dentro de nós, porque é intrinseco ao nosso corpo, à nossa alma e aos desejos mais fortes que nos assolam cada segundo do dia.

O hamor se sobrevive a tudo, ele não se esgota no dia a dia, na luta pelos podres poderes, nas discussões sem causa, nas convicções desgastadas. O hamor se não anda na corda bamba do caso ou do acaso, de circunstâncias ou porventuras.

O hamor se é o hamor feliz porque simplesmente nunca existiu.


 

Como é de calcular e temos vindo a conversar nas últimas semanas, ninguém passa pelo hamor incólume. Ou o hamor não passa por ninguém. Ainda não percebi quem passa por quem. Mas para o efeito tanto faz.

Hamar é desde logo comprar um passaporte para desgraças futuras. Sim, porque complicado que é, o hamor não acaba e pronto. Qual o quê! Para ser hamor tem que dar dores de cabeça, de barriga, achaques, crises de choro, nervos em franja.

Mas, mesmo sabendo disto, poucas pessoas conseguem resistir a se enfiar na boca do lobo. Bora lá hamar, sofrer, penar…..enfim, há gente para tudo.

E o preço minhas amigas, não são trocos, nada que um fundo de carteira possa liquidar.

Paga-se pelo que se fez, pelo que não se fez e quando as cosias acabam, constata-se que se paga também pelo que se podia ter feito, que até tivemos vontade, mas que desligámos a tempo, ou pelo menos adiámos.

Paga-se pelo mal que se fez e nos cobram em triplo, paga-se pelo bem que se fez e que nunca teve retorno.

Durante algum tempo até parece uma maravilha mas mais dia menos dia as facturas começam a aparecer com uma periodicidade esmagadora.

E às vezes já são tantas que ou não queremos ou já não temos como pagar, pois estamos emocionalmente falidos. Porquê? Ou porque deliberadamente já gastámos tudo ou porque nos deixamos extorquir por agiotas do hamor. Há desses, todos nós conhecemos esses exemplares que só sabem sugar.

Claro que há sempre os que dão sem receber o que até pode parecer justo pois é suposto o hamor ser altruísta, mas como nada é infinito, há um belo dia em que se questiona o que se está a fazer ali.

Mas como se isto já não fosse suficientemente complicado, há ainda o problema da moeda em que pagamos. Por exemplo, euros e reais têm valores diferentes, o que equivale a dizer que para a mesma soma exige-se mais a uns que a outros e muitas vezes é esta questão de câmbios emocionais que fragiliza as partes. Ou o que sobre delas.

Dificilmente duas pessoas usam a mesma moeda hamorosa e a bancarrota é o final anunciado.

Assim sendo, minhas caras, o melhor é não contrair dívidas. E ser coerente. Também nada de cobranças.

Amigos amigos hamores à parte.


 

Já dizia a minha querida avozinha, a quem sempre reconheci um enorme saber todo ele de experiência feita, que, leiam bem, conta de três o diabo a fez.

Ora, já não bastava o mafarrico vir mascarado de coisinha boa e acelerador de ritmos cardíacos e outras ignomínias parecidas, ainda aparece, não tão fugazmente como se possa pensar, um terceiro elemento a deitar lenha para a fogueira, que é como quem diz, a dar a machadada final numa relação que já estava com os pés para a cova.

O terceiro elemento aparece mascarado de anjo de luz. É simpático, atencioso, delicado, tem rasgos de boa pessoa, capaz de ser um bom amigo e confidente nas piores horas. Além do mais, parece trazer uma lufada de ar fresco como há muito não se sentia.

Sabidão que é, o terceiro elemento dispara para todos os lados. Seduz disfarçadamente ambos os elementos da parceria, se uma não cair na rede, haverá de cair a outra e se vierem as duas, tanto melhor.

E, curiosamente, é bem recebido e até acarinhado entre o casal. As suas visitas passam de esporádicas e casuais, a encontros semanais religiosamente cumpridos, jantares, saídas nocturnas, enfim, tudo o que permita manter o trio unido.

Cada uma das partes parece confortável e até gostar do seu papel neste filme. E, nem tenho tanta a certeza assim, que os motivos para tal alegria, não sejam rigorosamente os mesmos.

Não tarda, começam as cenas de ciúmes e o que me dá mais vontade de rir, é que o ciúme não é relativo ao casal mas sim à atenção que cada parte dele merece do terceiro elemento.

É uma sedução tríplice que a cada dia se torna mais óbvia e em que tudo, ou quase tudo o que faz, diz, planeia, é a pensar nesse terceiro elemento que apareceu e que está ali mesmo à mão para o que der e vier, sobretudo o que der.

Algum tempo depois, nunca menos de duas semanas nem mais que mês e meio, o(s) flirt(s), pois que de sincero e genuíno não tem nada, consuma(m)-se. Ou, por outras palavras, acontece mais um episódio do famoso “roda bota fora” .

Trio desfeito, par desfeito, cada um segue o seu caminho até que o dito cujo, detrás de alguma esquina, volte a aparecer disfarçado de hamor. E o diabo que faça as contas.


 

Para quem pense que eu sou doida e que invento coisas medonhas sobre o hamor só para aborrecer os românticos incuráveis, ou então porque padeço de alguma enfermidade coronária, aqui fica mais uma nota que prova a minha lucidez.

Não é por acaso que o povo diz “quanto mais me bates mais eu gosto de ti”. Todas conhecemos casos e casas, onde a força motriz da relação é uma mistureba de indelicadeza, mentira, traição e por vezes agressividade muito para além de verbal.

E no entanto, para surpresa de toda a gente menos dos envolvidos, as coisas “resultam”.

Mais estupido ainda que isto, é o facto de ser preciso o tal espancamento emocional para o dito hamor sobreviver. É a energia, a gasolina, o motor deste encantamento.

E nem ousemos pensar que são os períodos de acalmia que adoçam, acalentam e fortificam esse cotidiano. Qual o quê!

O hamor renova-se, aprimora-se e dobra de tamanho em cada palavra mal dita, em cada descuido, em esquecimentos imperdoáveis, em enganos dolorosos, em mágoas, como se de uma droga se tratasse e para a qual  o único antídoto é o chamado “mais do mesmo”.

Conheço um casal que com uma regularidade suíça, discute, berra, ameaça e cujo final de noite acaba com ela a atirar malas, fatos, cuecas e gravatas pela janela e a blasfemar que é para ele ir morrer longe. Quando ele acaba de recolher as coisas e olha envergonhado para os transeuntes que apreciam a cena divertidos, eis que ela aparece na rua a perguntar-lhe onde é que ele julga que vai, que tem filhos para criar e que deve voltar imediatamente para casa.

Esta cena, minhas amigas, repete-se há anos que é como quem diz, há mais de uma década. Inacreditável, não é?

O hamor é de facto incompreensível.

E agora digam lá que eu é que sou a louca….


Primeira: a palavra República é substantivo feminino (primas, a gente gosta destas coisas no feminino, há que admitir).
Segunda: a República surgiu como forma de derrubar os privilégios de uma mão cheia de famílias nobres e, consequentemente, a discriminação em relação aos direitos de muitos. Coisa com que nos identificamos plenamente, visto que também nos insurgimos contra um e todos os tipos de discriminação.
Terceira: porque na luta pela instauração da república em Portugal se distinguiram mulheres absolutamente notáveis no seu tempo, como Ana de Castro Osório, Adelaide Cabete, Angelina Vidal, Carolina Beatriz Ângelo, Carolina Micaelis ou Maria Veleda.
Quarta: porque apesar do tempo que até os republicanos demoraram a perceber que tinham mesmo de deixar as mulheres votar, isso acabou por acontecer, graças à coragem e à persistência de muitas Portuguesas.
Quinta: graças à ‘coisa pública’ é que as pikenas começaram a ter acesso ao ensino, que até lá era coisa apenas de miúda rica e com pais liberais, ou seja, com muita sorte.
Sexta: a igualdade que a República reclamava acabou por ser a semente para muitas outras conquistas sociais para as mulheres.
Sétima: porque ainda que as primas continuem a achar que a palavra feminismo é um papão a evitar por causa dos pêlos por rapar nas axilas e nas pernas, mais o evitamento de perfumes saias e outros folhos mui queridos das representantes do sexo dito fraco, o dito palavrão feminista é apenas um sublinhar dos direitos que se devem a todos os seres humanos e não apenas a alguns. E não é um vírus desenhado para transformar as mulheres em solteironas feias que nenhum homem (ou mulher) aprecia.
Oitava: só no século da implantação da República (XX) floresceram tantas figuras femininas que ainda hoje nos encantam com os seus contributos para a nossa história, que até dói pensar na quantidade de outras figuras que até essa altura se evaporaram na idade das trevas da civilização só para meninos…
Nona: essa coisa da mariana portuguesa de maminha ao léu e barrete frísio a representar a liberdade, a fraternidade e a igualdade também é uma visão merecedora de destaque nestas páginas.
Décima: e última, mas não menos importante, a keiliana Portuguesa, que nos fica no ouvido logo de pequeninos (embora pudéssemos pôr umas coisas mais femininas em vez dos canhões/bretõe, lembrar-nos das avós deste povo e essas coisas na letra).

Desenhos Tangas

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